terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Olhar Sobre as Coisas

Em dias de alegria o sol brilha, os passarinhos cantam, as flores são coloridas e tem um perfume que traz lembranças da infância.
Em dias difíceis o sol torra os miolos, os passarinhos são barulhentos e as flores dão alergia. A mesma música clássica que acalma e eleva, que nos faz pensar em luz e sabedoria, essa mesma música usada para meditação, também pode causar uma irritabilidade quase insuportável, um barulho repetitivo que atrapalha os pensamentos. Como o próprio pica-pau quebrando a casa inteira para fazer parar o maldito tic-tac do relógio.
Muitas vezes, o barulho está mesmo é do lado de dentro.
Nossos sentidos são seletivos. Assim como quem planeja comprar um “AP”, só enxerga placas de “vende-se” nas janelas; quem planeja aumentar a família, só vê bebês; quem tem saudades, vê a pessoa em qualquer pedaço de gente pela rua … Na vida, tudo parece estar conectado por padrão vibratório.
Por esse motivo, as coisas acontecem em ciclos.
Uma onda de acontecimentos parecidos… tanto bons quanto ruins, nunca vem sozinha. O que sempre foi um mistério para mim.
Resta saber qual a causa e qual a consequência, assim como na questão do ovo ou da galinha. Se estamos bem e por isso as coisas boas nos acontecem ou se as coisas boas acontecem e aí ficamos bem…
Imagine um dia de inverno com ótimas perspectivas de bons acontecimentos. A felicidade está no ar e estamos nos sentindo “com sorte”. Aí, acaba a água quente no meio do banho… Até que é bom um banho frio, e nem está tão frio assim, só 5°C… Melhor acabar rapidinho para ajudar na preservação do planeta. Além do mais, água fria deixa os cabelos brilhosos!!
Agora, se fomos dormir com uma discussão mal acabada, o despertador não tocou, acordamos atrasados com um telefone infernal nos ouvidos, saímos correndo de casa de estômago vazio, trânsito e mais trânsito até o trabalho. Como se não bastasse, ficamos na fila assistindo os “espertinhos” passando pela direita… Em um dia desses, um chute com o dedinho em uma quina seria uma catástrofe! Imagina se acaba a água quente no meio do banho?? Pneumonia, no mínimo!!
Já que não tem como voltar de ré para a cama e começar tudo de novo (apesar de eu já ter sentido vontade de fazer isso inúmeras vezes), o que seria necessário fazer para romper a cadeia negativa quando algo ruim acontece?
A vida é sem ensaio… e temos que improvisar o tempo todo.
A questão é: nesse dia em que tudo estava dando errado, se algo bom nos acontecesse, seria percebido? Teria havido aquele chute doloroso se estivéssemos em um estado mental mais positivo? Será verdade que alegria chama mais alegria e vice-versa? Alguma escolha é possível?
Não sei… Mas acredito que nós só podemos perceber o que acreditamos que existe.

Este não é um daqueles textos com respostas prontas, como costuma acontecer nos livros de auto ajuda. Normalmente não tenho as respostas, só as perguntas… Compartilho minhas perguntas. Que tragam boas reflexões!

2 comentários:

The Drunken Scientist disse...

Na minha opinião, como escrevi aqui,

http://thedrunkenscientist.blogspot.com.br/2009/02/ciclos.html

tudo é um ciclo.
Como tu falou, não se sabe o que veio antes. Mas uma coisa propicia a outra. Assim, estar feliz, facilitará que coisas felizes te aconteçam, te deixando feliz, o que facilitará... Da mesma forma, uma coisa boa pode te deixar feliz, te deixando mais otimista, o que tornará mais provável que outras coisas boas aconteçam.
Infelizmente o oposto também é real.
O complicado é achar a forma de sair de um ciclo descendente, e pular para um ciclo ascendente. Às vezes precisa de um pouquinho de sorte, mas às vezes precisa de um bocado de disposição consciente.

The Drunken Scientist disse...

Me esqueci de comentar sobre teu questionamento acerca da percepção (de coisas ruins em dias bons, de coisas boas em dias ruins).
Acho que existe uma boa chance de não ser percebido, pois a pessoa fica imersa no seu humor, na sua expectativa de status quo.
Quer ver um exemplo? Observe uma criança brincando, se divertindo horrores. Esta criança, ao cair no chão, se bater numa parede, irá parar? Reparar? Absorver o acontecido? Claro que não! Vai seguir brincando e é capaz de nem lembrar.
Isso já aconteceu inúmeras vezes comigo, na minha infância. As pessoas me olhavam assustadas e perguntavam "que foi isso?", apontando para algum machucado, algo ensanguentado. E eu dizia que nem tinha sentido ou fazia ideia de como tinha acontecido.
Da mesma forma, uma pessoa que amaldiçoa até o ar que respira, dificilmente pararia para se dar conta de alguma pequena sorte que lhe cruzasse o caminho.
Quanto a isto eu me propus uma brincadeira simples: Eu sempre reclamo quando preciso procurar algo numa gaveta bem baixa, e digo "que azar". Mas, quando é numa gaveta alta, faço um esforço consciente para dizer "que sorte", de forma a gravar na memória eventos positivos também.