segunda-feira, 18 de maio de 2009

Adolescência Cruel

E eu, lá com os meus 11, 12 anos, me inscrevi pra jogar handball nas olimpíadas escolares, que aconteciam sempre em outubro. Não que eu jogasse maravilhosamente bem. E por isso mesmo me botaram na reserva (ahuhauha). Que droga.

Mas tudo bem.

E, naquela época, eu odiava as minhas orelhas. Odiava mesmo! Pra mim eram as maiores orelhas do mundo, e o único jeito de esconde-las era deixando o cabelo todo solto até a frente do rosto, tipo PRIMO ITT, da família Adams, pra não dar chance de elas, as orelhas, aparecerem.

Então, no dia do jogo, para poder enxergar a bola, eu tive que prender as minhas míseras franjas compridas em uma mecha rala, amarrada com uma borrachinha atrás da cabeça, de maneira que o restante do cabelo continuasse escondendo os meus exemplares de Dumbo.

Lá fui eu. O jogo começou e eu fiquei lá, bem quieta, na reserva. E, àquela altura, eu já nem queria mais jogar, pois a franja não parava de soltar e cair no meu rosto, e eu precisava prende-la de novo, toda hora. Por que eu simplesmente não fiz uma merda de um rabo de cavalo? 

Eis que o apito soa, com uma falta em cima de uma jogadora do meu time. Ela teria que ser substituída, e eu comecei a suar frio. E a rezar. Por favor, não me coloquem, não me coloquem. Por favor!

-PAULA!!! Tu vai entrar!

Me puxaram pelo braço e, quando vi, estava no meio do campo, com o cabelo todo na cara.

Prendi como pude, preservando ao máximo as minhas “orelhinhas”.

Lá vem a bola!! Lá vem! Peguei! Irruuuu!!!

Saí correndo e quicando a bola e nem vi a JAMANTA que vinha contra a minha pessoa. Uma guria desgraçada, que vou chamar aqui de Jamanta (e que pesava o triplo do meu peso e media o dobro da minha altura), me jogou longe no melhor estilo futebol americano misturado com cavaleiros do zodíaco.

Quando eu vi estava no chão, esfolada. Sem bola. E com dor. E pagando orelhinha! Shit!!! A jamanta me tirou a bola e saiu correndo em direção ao gol. E eu fiquei ali, estatelada, com um braço levantado pedindo falta – a qual todo mundo viu, menos o juiz. Claro. É, as manifestações revoltadas da torcida não adiantaram lhufas. O jogo seguiu.

E eu me levantei, toda errada, e fui substituída.

 E essa foi a minha participação no handball olímpico-colegial.

E depois dessa, nunca mais. Virei nerd.



A Jamanta eu vejo por aí até hoje. Ela continua com o triplo do meu peso, porém com a mesma altura de antes. A vida há de ser justa.

7 comentários:

Carol disse...

iuhiuhaiuhaiuaa!!vida escolar não é naada fácil!
"virei nerd", muito boa!

Ju disse...

hahahahhaha
É, vida na escola não é fácil, qualquer besteirinha vira um problema giganteeeesco! Crianças sabem ser cruéis tb, né?
Bom, eu sempre fui do tipo nerd, ninguém me queria no time! No máximo na 'zaga' do basquete, por causa da altura! hehe

O Primo Distante disse...

Eu sempre digo que escola é uma terra sem lei. É a luta pela sobrevivência!

Paula disse...

Sim. Só no meu post tem uns 3 exemplos muito clássicos que geram desgaste na escola. 1- aparência, 2- participação nos esportes, 3- meninas gigantes que tiram proveito do seu tamanho pra sacanear os outros.

ehehehe

Julia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julia disse...

Mas da ooooooonde que tu inventou um problema com as tuas orelhas??? hahahahaha bem coisa de criança, a gente sempre inventa do que não gostar...

Quanto à jamanta, sim, a vida foi justa e ela continuou o teu triplo. Amém.

Eu sempre fui pééééssima em esportes. Qualquer um. Sério, qualquer um mesmo. Ainda bem que era magrinha (como imagino que a Paula também fosse) e nunca precisei disso pra permanecer assim. Imagina o que seria das jamantas sem os esportes? Godzillas?

Pra terminar: ainda bem que tu também virou nerd. O blog não existiria se não fossem as nerds que na infância não sabiam jogar handebol, vôlei, basquete...

Luciane Slomka disse...

Teu final foi perfeito! Sim, a vida há de ser justa! E garanto que ninguém reparou em orelha nenhuma. Ah, nossas traumas e complexos adolescentes, não?