quarta-feira, 18 de março de 2009

Prazer com Dor

Pelo visto não tem jeito. Eu vou ter que ir lá sim. Vou ter que olhar no olho dele e sorrir amarelo, enquanto ele conversa comigo daquele jeito que ele conversa com as pessoas que são indiferentes. Do jeito que ele conversa com as pessoas com quem ele não tem intimidade. Com as pessoas que ele não gosta e nem desgosta.

Vai doer. Eu sei. Afinal, eu conheço o jeito dele falar com esse tipo de pessoa.

Não, eu sei. Eu sei que você se importa e gosta de mim, mas não me ama mais. É exatamente aí o meu problema. E é por isso que eu sei que vai doer.

Vai doer te olhar e ver que precisa de ajuda, e não poder fazer absolutamente nada. Ficar parada com meu sorrisso amarelo e meu enésimo "qualquer coisa, eu tô aqui".

Sim, eu sei que te falei isso várias vezes. É porque é verdade.

Eu queria fazer parte. Estar dentro. Estar sofrendo junto contigo todas as tuas dores, limpando as lágrimas, as sujeiras e os odores. Como foi das outras vezes, lembra? Foi barra, eu sei. Eu reclamei, eu exigi, eu demandei uma atitude, uma cura, uma salvação. Eu sempre achei que tinha esse poder. E que, se eu pedisse, tu faria.
Lembra? Naquela época éramos tão apaixonados. Parecia que tudo tinha se resolvido. Uma solução mágica: o amor para duas pessoas desacreditadas. Lindo demais. Para sempre.


Ao mesmo tempo que vai doer, eu quero muito te ver. Faz tempo e acredito que não vai ser tão traumático assim. Pelo menos eu acho. Não vai doer como doeria há alguns meses atrás.

Tudo isso para buscar a porra do nebulizador e devolver teus cds...

7 comentários:

Paula disse...

e que saída, não é?
Tenho uma amiga com uma história parecidíssima com a tua.

Carol disse...

é. realmente. acho que tem um monte de gente com histórias tipo a minha!!

Deni disse...

A gente tem essa tendência de querer ajudar, de querer ficar perto, "estar aqui". E depois de um tempo, isso começa a parecer menos pesado, a gente passa a achar que nem vai doer tanto assim, mas acho que é engano. Pelo menos comigo. O que eu amei vai me enamorar a vida toda, não tem jeito. Aí, acho que esses encontros sempre são dolorosos...

Julia disse...

Hummmm... complicado isso... de se importar com a pessoa e TER que se afastar dela, de TER que sair da convivência, de TER que parar de querer ajudar... mas a vida é assim, cheia de desencontros. Nem sempre vivemos no mesmo momento em que a pessoa de que gostamos está. Fazer o quê? Eu acho que, na verdade, Deus faz esses jogos com a gente e fica observando a nossa reação. E talvez rindo. Ele tem senso de humor e de ironia, admita! =P

Carol disse...

é. sinceramente, acho que dor vai ter sim. E bastante. Não vai ser pouco como eu imaginava.

O Primo Distante disse...

"Ele tem senso de humor e de ironia, admita! =P"
Uma vez eu vi num filme que Deus tem senso de humor afiadíssimo - vide a existência do ornitorrinco!

Deni disse...

hehehe
É mesmo, depois de ver um ornitorrinco, a gente não pode duvidar de nada!