terça-feira, 4 de novembro de 2008

da D.R. à Delicadeza

Odeio discutir a relação. Acho D.R. um saco. E qual não foi a minha surpresa quando me vi exatamente nesta situação! Pior do que isso: eu que causei a crise. E calma, ainda tem mais: eu que comecei a D.R.!
Mas ela foi necessária, afinal de contas, eu mesma provoquei a crise, como já disse. Esta contradição só comprova que mulheres são, sim, seres complicados. Talvez eu seja mais do que a média... mas prefiro acreditar que somos todas assim.

Lá estou eu, toda feliz, serelepe, com o meu bom-humor habitual, quando, de repente - devido a fatores externos combinados com flutuações hormonais - me vejo furiosa, uma onça! Mordida de ciúmes, cega de raiva e ao mesmo tempo triste e com a sensação de estar sendo enganada. Eu, sendo uma mulher sensata e (tentando ser) bem-resolvida, o que faço?
a) Paro, penso, analiso e vejo que é tudo uma grande bobagem?
b) Espero o moço aparecer com uma explicação e me acalmo?
c) Tenho um ataque de nervos e digo tudo o que me vem à mente, doa a quem doer, chorando que nem uma louca?

Obviamente escolhi a opção 'c', porque sempre tomo as atitudes mais imbecis quando estou assim, vulnerável.

Como podem ver, a minha crise ocasionou outra crise. Que loucura!!! Sim, o que mais eu poderia esperar? Afinal, as palavras podem, com certeza, machucar as pessoas, ofender, por mais que sejam faladas da forma mais correta e educada possível. E claro que só me lembrei disso depois de ter falado tudo e mais um pouco, sem nem parar para ouvir o outro lado da história.

Como era de se esperar, o estrago estava feito. Não tinha mais como voltar atrás, mesmo depois do meu arrependimento ao ver a mágoa/raiva/tristeza que causei dizendo as coisas absurdas e neuróticas que eu disse. Ah, se arrependimento matasse...

Durante a D.R. as coisas foram se resolvendo, as explicações foram aparecendo e eu - me sentindo muito envergonhada pelo 'momento mulherzinha neurótica total' - faço a única coisa que poderia fazer naquele momento: peço desculpas. Mais do que desculpas, peço perdão, compreensão, digo que finalmente entendi o outro lado da história. Peço desculpas de novo, dessa vez não pelas palavras, mas pelo meu comportamento irracional e infantil. E tudo isso de verdade, sinceramente, do fundo do meu coração. Se eu pudesse voltar atrás e não dizer nada, com certeza o faria... mas isso, infelizmente, não é possível.


Aí vocês pensam: que bom, deu tudo certo! Um final feliz!


Quem me dera! Dias depois eu percebo que não foi bem assim. A D.R. pode até ter deixado as coisas mais claras, explicado as duas situações, mostrado os dois lados da história... mas a mágoa que eu causei ao dizer aquelas palavras impulsivas ainda não passou. Sim, caros leitores: eu levei um gelo. Diria até que foi merecido, mas saber disso não bastou para evitar a ansiedade, a angústia, os pensamentos insistentes sobre o mesmo assunto. Estava me sentido pesada, (in)tensa, carregada... O fato é que a instabilidade inerente (?) às mulheres assusta os homens... e ainda não sei se discutir a relação ajuda ou só reforça essa imagem de mulher-bomba, pronta para explodir sem aviso prévio.

Eis que surge aquela pessoa que sempre aparece quando mais preciso: a amiga! Mais do que amiga: a minha amiga-conselheira, que vê tudo com olhar analítico e me diz tudo da maneira mais sincera. Assim, no meio da tarde, ela arrumou um tempinho para mim e veio aqui em casa me ouvir, contar histórias parecidas que ela já viveu, me dar conselhos, me acalmar. "Julia, tu fez a tua parte... errou sim, mas reconheceu o erro, pediu desculpas, entendeu o outro lado. Agora não tem mais o que fazer, depende só de como ele vai assimilar a situação, de como ele vai lidar com isso." Então tá! É mesmo! Ela está certa. Isso me acalmou. A ponto de conseguir deixar um recado para o rapaz em questão:

"Fulano, gosto de deixar as
coisas claras. Por isso vim aqui te dizer que, se eu sumir por uns tempos, parar de deixar recados pra ti e tal, é porque notei que tu quer ficar quieto, dar tempo ao tempo, não falar comigo, ou qualquer coisa assim, e não porque eu quero isso. Vou te deixar bem livre pra falar comigo quando quiser, quando sentir vontade, da maneira que achar melhor, afinal, é fácil me achar! Vou estar sempre de coração aberto pra te ouvir, e desejo toda a felicidade do mundo pra ti, perto ou longe de mim, da maneira que tu achar melhor.
Eu sei que é estranho um 'recado-pra-dizer-que-nao-vou-mais-deixar-recado', mas...
Enfim, te adoro e continuo sentindo por ti o mesmo que eu sempre te disse, com a mesma intensidade. E acho que cabe a ti decidir se quer receber esse sentimento ou não. Quero muito que nossa história continue e dê certo, mas isso não está nas minhas mãos nesse momento. Com certeza, vou sentir tua falta e falta de te escrever aqui.
Beijos com todo o meu carinho.
Ju"

E fazer isto não me curou 100%, nem vai curá-lo 100%, mas me deixou mais leve, mais tranqüila, sentindo uma delicadeza em volta de mim. Entreguei a Deus, ao Universo, ao Destino ou seja lá como queiram chamar... me deu uma sensação de alívio!

E saí cantarolando pela casa, como sempre faço quando estou feliz!

:)

12 comentários:

Julia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julia disse...

Ficou gigante... parabéns pra quem conseguiu chegar até o fim!!! :)

Ju disse...

eu também muitas vezes surto e depois me arrependo, mas na verdade acho que a gente faz isso quando tá com algo guardado q nao da mais pra ficar...e to começando a compreender melhor pq eu faço isso, e não achar q é simplesmente um surto! mas claro q existem mil maneiras da gente falar as coisas e nem sempre escolhemos as melhores (isso sim é a impulsão)...mas enfim, tô aqui torcendo! ;)

Newton da Silva Jacuniak disse...

Minha experiência...
Prefiro mil vezes uma explosão dessas (mesmo q seguida de um porre de DR) do que alguém guardando e só soltando pitadas irônicas ao longo de horas/dias.
Claro q cada um cada um, mas pra mim nada pode gerar mais mágoa (sim, eu fico magoado, e daí) do que alguém q não se abre a qualquer momento que precise, ou alguém que não solta as suas idéias absurdas numa explosão e fica guardando como se a maior bobagem do mundo fosse a maior verdade...
Bom, não sei se consegui me fazer entender, acho dificil me expressar escrevendo.

P.S.: Pô Ju, tu comenta menos até do que eu!! Tu tem que participar mais!!!!

Newton da Silva Jacuniak disse...

P.S.2: Se eu fosse dono do blog já teria tirado a foto da Ju!

Paula disse...

Julia... não consigo comentar nada concreto agora.
Mas posso dizer que tu descreveu direitinho como essas coisas às vezes acontecem (comigo, pelo menos).
E o que essa amiga disse foi ótimo. A gente tem que tentar fazer o que está ao nosso alcance... mas não podemos tomar as decisões pelos outros. E saber que não podemos fazer isso, de certa forma nos deixa mais leve.

Adorei o texto!
beijão

Cristiane Marçal disse...

O q interessa é a consciência limpa. É fazer o que está ao nosso alcance pra amenizar as agruras da vida e aceitar o q não está sob nosso controle. Todo mundo surta. Uns mais, outros menos. Uns sempre, outros quase nunca. Errar é humano, mas errar duas vezes já é burrice ou teimosia. E tu não errou duas. E é isso q interessa ;)

Anônimo disse...

É... essas Dr's nunca são fáceis, cria-se um clima todo e a reação da maioria dos homens é essa mesma. A irritação, indignação, indiferença. Mas no fundo nossos sentimentos pela parceira não mudam, não vai ser isso que vai estragar um relacionamento sério, em que os sentimentos são verdadeiros.

Os homens são orgulhosos e não gostam de ceder a draminhas, pressões. Eu sou assim, se me sinto injustiçado, ou me vejo vítima de um “joguinho” psicológico, faço o tipo irônico, não procuro me estressar e espero uma retratação. Não corro atrás antes disso. Ir atrás de alguém que te injustiçou, soltou os cachorros etc... é sinal de insegurança e homens bem resolvidos não costumam agir dessa forma.

Mas tu fez o certo Julia, refletiu, viu que errou, expôs os teus sentimentos e a vontade de permanecer ao lado dele. Se ele gosta de ti realmente ele vai entender e vocês vão se acertar, não tenha dúvidas. E o melhor é que tu está se sentindo bem consigo mesma, sabe que fez a coisa certa e agora é questão de tempo e bom senso da parte dele.

O recado foi ótimo, eu ia “balançar” com ele... hehe

Boa sorte e mantenha-nos informados =)

PS: O Josh pediu pra postar no lugar dele hoje, já que ele está viajando....

O Primo Distante disse...

Eu lia té o fim com o maior prazer.

Paula disse...

amanhã tem a festa dos 100 dias da minha turma! Eu acho que todo mundo aqui deveria ir, se encontrar, beber dose dupla até a meia noite e se divertir pra caramba.
Agora é a hora!!!
Ingressos comigo, à 8 reais.
vamos???
Dois comentaristas nossos já confirmaram suas presenças.
vamos, vamos, vamos!

Anônimo disse...

Primeiro, gostaria de dar parabéns para as lulus! os post's estão ótimos e me identifico muito com boa parte deles!
então, sobre as DR's... um assunto bem complicado... sentimentos são complicados, ainda mais somados a hormônios, estresses e outras coisinhas mais... mas sabe, acho que tu fez tudo certo. é muito melhor a gente abrir o nosso coração do que ficar criando uma bola de neve que vai crescendo e crescendo até soterrar a gente!
os sentimentos existem para serem compartilhados, sejam eles o amor, a raiva, a alegria, a dor... e as relações são baseadas nisso. no momento em que a compreensão não rola, na hora de 'compartilhar', ou melhor, de se 'relacionar', aí é preciso parar e falar [ou escrever!], porque só assim a gente se faz entender. e o teu recado foi claro e objetivo. agora ele já está sabendo e, se ele realmente gostar de ti, ele vai quebrar esse gelo!

Anônimo disse...

Eu acho que todo mundo aqui deveria ir [2]

Eu vou nessa festa, ela promete! adoro festinhas...